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publicado em 28 de março de 2022

O Agro que se comunica

Por Juliana Scardua

Na esteira de impactos climáticos severos e manchetes internacionais, o combate a práticas ilegais no Agro promete rechear os debates nas eleições brasileiras que se avizinham. Voz respeitável no setor, o decano Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, aponta que um grupo apartidário acena pautas prioritárias do setor a virtuais candidatos, com o objetivo de fomentar a maturação de propostas nos planos de governo em gestação.

A admissão de um nível intolerável de desmatamentos ilegais no Brasil é inevitável e precisa ditar um debate qualificado, adverte Rodrigues. “Temos problemas dramáticos, o primeiro deles, os desmatamentos ilegais. Temos que banir isso. Com a grandeza que temos, não é possível mais conviver com isso”, defende, em exposição durante a 2ª Edição do Curso FGV Agro para Jornalistas, formação da qual tenho a honra de participar como aluna.

A postura elogiável de Rodrigues protagoniza um movimento que, pouco a pouco, germinou e vai crescendo no segmento no Brasil: o Agro precisa se dispor a debater mais com a sociedade. E, para que isso se desenvolva, a semente é a Comunicação. Para além da exposição de números ou a comemoração de supersafras, praticar a escuta ativa com outros setores, organizações, movimentos, imprensa.

Estabelecer um diálogo saudável com a sociedade requer preparo, tempo de qualidade, energia, esforço. Comunicação é ciclo produtivo, que carece de insumos, ferramentas adequadas e cuidado. Não por acaso, o porta-voz do Agro aponta a Comunicação e a Imagem como dois dos quatro principais problemas do setor (e a palavra empregada no ambiente foi “problema”, mesmo, sem eufemismos).

Ladeados, o conjunto de ocorrências de práticas ilegais (ataques à Amazônia, desmatamentos, incêndios, grilagem, garimpos ilegais) e a problemática de defensivos agrícolas, tão discutida neste momento. Cenário que se contrasta às fortalezas da contribuição ao PIB nacional (27,4%), à empregabilidade (20%) e às exportações (43%), entre outros importantes indicadores, expressão do valor econômico e social do agronegócio.

“Dizem que problema bom é o que a gente conhece”, devolvi ao ministro. Que me sorriu com uma simpatia boa demais de se receber na manhã de uma segunda-feira. Comunicação estabelecida com uma turma de cerca de 20 jornalistas brasileiros, o senhor, que este ano completa 80, disse que almeja mais 20 para seguir a conversar sobre o Agro. A gente deseja também, ministro.

Juliana Scardua é sócia da Íntegra Comunicação Estratégica