Caracterizado pelos tumores de lábios, cavidade oral e nasal, faringe, laringe e tireoide, o câncer de cabeça e pescoço tem, entre seus pilares de tratamento, a radioterapia. Cerca de 70% dos pacientes diagnosticados com este tipo de tumor vão passar por sessões de radioterapia em algum momento do tratamento. Com os avanços tecnológicos a modalidade, que utiliza radiações ionizantes para destruir as células cancerígenas, tem proporcionado mais qualidade de vida aos pacientes oncológicos, aumentando as chances de cura e reduzindo os efeitos colaterais.
Com 19 anos de atuação na área o radio-oncologista Claudio Ohashi, da Oncomed-MT, explica que o método mais indicado para este tipo de tumor é a Radioterapia de Intensidade Modulada, o IMRT. Utilizada na Clínica desde 2016, a avançada modalidade de tratamento é extremamente precisa e permite administrar altas doses de radiação ao tumor, minimizando as doses nos tecidos saudáveis. “Além da reação na pele ser menor, um dos principais benefícios está na preservação das glândulas salivares, entre elas, as parótidas. Ao irradiar essa região, a maioria dos pacientes perde a função degustativa e salivar mas, com o IMRT, conseguimos não reduzir totalmente, proporcionando mais qualidade de vida, até mesmo após o tratamento.”
Ohashi observa que o câncer de cabeça e pescoço possui um dos tipos de tratamentos mais complexos, principalmente por acometer o primeiro órgão do sistema digestivo. “É um tipo de tumor no qual o tratamento debilita o paciente, que passa a não se alimentar e se hidratar direito, por isso a importância de aplicarmos técnicas mais assertivas possíveis, visando a diminuição dos efeitos colaterais.” O especialista ressalta a importância da utilização de protocolo multidisciplinar na jornada de tratamento do paciente.
“A radioterapia é o tratamento mais multidisciplinar que existe. Na Oncomed-MT, antes de iniciar as sessões para câncer de cabeça e pescoço, o paciente passa pelo dentista, que estimula a produção de saliva, e o nutricionista, responsável pelo plano alimentar durante o tratamento. De forma profilática indicamos a gastrostomia, método utilizado para fornecer a dieta diretamente no estômago, isso porque 85% dos pacientes param de se alimentar na reta final do tratamento”.
Câncer passível de prevenção – Um dos principais fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). De alta incidência na região da orofaringe, que engloba a base da língua, as amígdalas e a partes lateral e posterior da garganta, a recomendação é vacinar meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina combate os quatro tipos de vírus, inclusive os tipos 16 e 18, relacionados ao câncer de colo uterino e de cabeça e pescoço. Outra forma de prevenção, é evitar o contágio pelo vírus com o uso do preservativo nas relações sexuais, inclusive no sexo oral.
Ainda entre os fatores de risco da doença está o hábito de fumar cigarro e derivados e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Quando associados, as chances de desenvolver o tumor são aumentadas em 20 vezes, se comparado a uma pessoa que não bebe em excesso e não fuma.
De olho nos sintomas – A detecção precoce desse tipo de câncer pode alcançar até 90% de cura. Os sintomas e sinais devem servir de alerta e podem variar de acordo com a região afetada. Entre os mais comuns estão: feridas na boca que não cicatrizam, nódulo no pescoço, que pode ser sentido ao apalpar, rouquidão ou alteração na voz por mais de 15 dias, dor de garganta que persiste mesmo com medicamentos, dor ou dificuldade para engolir, entre outros.