Mais de 11 milhões de toneladas conferem a Mato Grosso o título de campeão nacional de produção de calcário. Em cerca de 40 indústrias em operação no Estado, o movimento de esteiras, moinhos e carregamentos é intenso nesta época do ano, quando produtores rurais preparam a próxima safra. Insumo que guia a produtividade em solos ácidos, o calcário tem sua relevância reconhecida, inclusive, com uma data especial no calendário Agro: 24 de maio, Dia Nacional do Calcário Agrícola.
O processo de calagem é amplamente utilizado nos solos brasileiros, ácidos na maior porção de sua extensão, incluindo Mato Grosso e outros grandes polos agrícolas. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola, a Abracal, cerca de dois terços da área cultivável do país necessita desse processo de correção da acidez, que consiste na neutralização do alumínio do solo, proporcionando mais cálcio, magnésio, equilibrando o ph e aumentando a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
A forte demanda por correção com o avanço da agricultura no Centro-Norte brasileiro fez com que a indústria respondesse com ampla oferta de insumo. Série histórica da Abracal aponta que a produção de calcário no Brasil aumentou 5 vezes em 3 décadas, passando de de 11,5 milhões de toneladas em 1990 para 56 milhões em 2022. No mesmo período, o volume em Mato Grosso saltou de 621 mil para 11,4 milhões de toneladas, cerca de 20% do total nacional.
“O segmento de extração e fornecimento de calcário agrícola é um dos pilares do desenvolvimento do gigante Mato Grosso. Sem o calcário, o Estado não conquistaria as sucessivas safras recordes que alimentam o mundo. Isso é motivo de orgulho para a indústria mato-grossense e brasileira”, destaca Ricardo Dietrich, presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário de Mato Grosso (Sinecal-MT).
Benefício comprovado – Como um suplemento vitamínico à saúde humana, a dose certa de calcário permite que plantas tenham ampliada a capacidade de absorver nutrientes presentes no solo, essenciais ao vigor e produção.
Em Mato Grosso, gigante brasileiro na produção de grãos, o calcário é um insumo indispensável para esse trabalho de “calibragem” do pH do solo, fornecimento de cálcio e magnésio, correção do alumínio tóxico, além de favorecer a maior disponibilidade do fósforo e dos demais nutrientes para as plantas, sejam elas pés de soja, de milho ou gramíneas, nas pastagens.
“Solos ácidos sem correção adequada podem comprometer o desenvolvimento das raízes, o que diminuirá a absorção de água e dos nutrientes e reduzirá a produtividade. Quando falamos sobre calagem e benefícios do uso do calcário agrícola, evidenciamos a ciência a favor do melhor cultivo, aliando ganho, eficiência e cuidado com o solo”, destaca Anderson Lange, Doutor em Energia Nuclear na Agricultura.
Professor titular da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Sinop, Lange lidera amplo estudo científico desde 2014 sobre superdoses de calcário em áreas da região. São 6 grandes ensaios de manejo de correção do solo, com mais de mil parcelas amostradas. As aplicações acontecem também em áreas comerciais de lavouras, utilizando calagem bianual. Os resultados científicos chamam a atenção: já foram constatados ganhos em produtividade de até 20 sacas por hectare num intervalo de 4 anos, na comparação com áreas que receberam doses tradicionais de calcário.