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publicado em 1 de setembro de 2021

Déficit de calcário é combatido com informação, destaca pesquisador

A SERVIÇO DA PRODUTIVIDADE

Déficit de calcário é combatido com informação, destaca pesquisador

Titular da UFMT de Sinop atribui avanço na demanda à confiança do produtor rural na ciência; dados revelam que altas doses de composto mineral ampliam resultado nas lavouras e pastagens

Por Íntegra Comunicação Estratégica

Em Mato Grosso, pesquisa com o selo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) reafirma, em seis safras consecutivas de análises, que a incrementação na aplicação de doses de calcário pode melhorar as características químicas do solo e garantir alta produtividade na agricultura de precisão e na recuperação de pastagens na pecuária. Nesta entrevista, o pesquisador responsável, Anderson Lange, professor Doutor em Engenharia Nuclear na Agricultura, destaca os benefícios da calagem regular, em doses adequadamente customizadas aos solos e pastagens. E observa a contínua adesão de produtores à técnica: “Constatamos que estava faltando calcário nas lavouras de Mato Grosso e conseguimos levar essa informação aos produtores”.

Quais os principais benefícios que o calcário pode encontrados pelas pesquisas para as lavouras?

A.L: De um modo geral, o calcário apresenta inúmeros benefícios: ele corrige a acidez do solo, aumenta os teores de cálcio e magnésio, amplia a eficiência da adubação fosfatada, reforça a eficiência do uso dos nutrientes, melhora a fixação biológica. Com os estudos científicos que realizamos, foi possível identificar que com a utilização de uma dosagem maior de calcário, principalmente o calcítico, que é o calcário que Mato Grosso mais necessita, conseguimos constatar algumas reações que beneficiam não só o solo como também a planta, agregando valor de modo geral à maioria das culturas.

 

Em Mato Grosso, ainda há certa resistência de produtores em relação ao uso do calcário? Qual o diferencial do uso desse mineral no Centro-Oeste em relação a outras regiões?

A.L: No Brasil, as pesquisas na agricultura e mais especificamente com o calcário tiveram início nas regiões Sul e Sudeste, com a implantação do sistema de plantio direto. Nesses primeiros estudos, ocorridos na década de 1980, percebia-se que a calagem superficial, que é o processo de aplicação do calcário em superfícies, não poderia ultrapassar a quantidade de duas toneladas e meia por hectare. E essa cultura foi trazida pelo agricultor que veio do Sul para o Centro-Oeste. Então, culturalmente, os produtores têm um certo receio de fazer aplicação de doses maiores nos solos mato-grossenses, porque levam em consideração as dosagens utilizadas nessas regiões de origem. Isso vem mudando com novos estudos realizados em solos do Cerrado.

Quais os resultados desses estudos científicos com a calagem realizados em Mato Grosso?

A.L: Desde 2014, temos realizado experimentos com aplicações de doses maiores, com foco em melhorar – e constatar – as características químicas dos solos. Em condições de campo, acompanhando alguns produtores, atingimos a utilização de quatro a cinco toneladas de calcário por hectare em situações de recuperação de áreas pobres em fertilidade. Já em condições experimentais, temos trabalhado com até dez toneladas em superfície. Com o aumento da dosagem de calcário, conseguimos identificar que a produtividade se manteve equilibrada e muitas vezes até mais alta que o habitualmente registrado.

Como está a adesão do segmento de grãos ao uso do calcário? Como o calcário pode auxiliar na produtividade dessas culturas?

A.L: Nos últimos anos, acredito que também por conta da divulgação dos resultados dessas pesquisas que temos feito, tem crescido a procura pelo mineral. Segundo dados de indústrias que produzem calcário em Mato Grosso, o consumo teve um aumento em torno de 20% a 25% nos últimos anos. Na verdade, constatamos que estava faltando calcário nas lavouras de Mato Grosso e conseguimos levar essa informação aos produtores. A ciência e, também, a imprensa têm um papel muito relevante nisso. Já é possível observar na região que muitas fazendas já estão preparando o solo para o plantio com a dosagem maior de calcário. Conseguimos ver os resultados na produção de mais vagens no pé de soja e de grãos mais fortes no milho.

E na pecuária? Quais a vantagens do calcário para os pecuaristas?

A.L: Assim como na agricultura, a pecuária tem percebido um retorno econômico considerável para aqueles que investem no setor. Alguns pecuaristas têm utilizado o calcário para a recuperação de pastagens e os benefícios têm sido aproveitados. Um deles é o aumento da eficiência do uso da adubação fosfatada. Nossos solos são pobres em fósforo e o produtor que venha a aderir à adubação de pastagem vai ter que fazer uma aplicação de adubo fosfatado. Isso conjugado com a aplicação de calcário vai aumentar o efeito do fertilizante, sem contar que a calagem por si só já vai melhorar a fertilidade de um modo geral, além da qualidade da pastagem. Isso certamente é benéfico na conversão de pasto em arroba de boi ou na produção de leite.