Ocupando cargos que vão do operacional à alta gestão, mulheres seguem ganhando cada vez mais espaço no setor
Com o avô materno encanador e o pai operador de Estação de Tratamento de Água (ETA), seguir no caminho do saneamento foi uma escolha natural para Julie Campbell. A engenheira química e atual diretora operacional da Águas Cuiabá, empresa do grupo Iguá, conta com carinho das lembranças que tem dos primeiros contatos com o setor. “Quando criança, ouvia muitas histórias sobre a área. Água, manutenção e tratamento eram assuntos diários. Já na graduação, tive a oportunidade de estagiar na mesma ETA que meu pai trabalhava e pude vivenciar, na prática, tudo que ele me contava”. A história de Julie soma-se à de diversas mulheres que fazem o saneamento cuiabano acontecer.
A gaúcha que deixou o aconchego de casa em Pelotas para dar continuidade em sua carreira em Cuiabá trouxe consigo a paixão pelo saneamento herdada do pai e avô, mas tem construído sua versão de uma perspectiva feminina. “Ter mulheres na engenharia já não era comum na época da faculdade e hoje ocupar um espaço como este é muito significativo para mim. Acredito que para muitas mulheres, que querem seguir na área”. Para ela, o desafio é ainda maior quando tem que se desdobrar entre os papéis que não são pautados só no profissional. “Costumo brincar que bato o ponto e troco de turno, deixo por um momento de ser a diretora operacional da Águas Cuiabá e assumo o papel de mãe e esposa. Mas, às vezes, nem sempre é possível. A gente se esforça para equilibrar a rotina profissional agitada com a vida pessoal”.
À frente de uma das maiores operações do Centro-Oeste, a Águas Cuiabá já alcançou uma cobertura sanitária de mais de 70% na capital mato-grossense. A diretora compartilha à satisfação em saber que seu trabalho tem proporcionado melhoria na qualidade de vida e saúde da população cuiabana. “É muito gratificante ver o saneamento acontecer e saber que meu trabalho possibilita que a população receba água tratada na torneira e tenha seu esgoto doméstico coletado e tratado de forma adequada. Isso reforça o sentimento de que o saneamento é, com toda certeza, a minha área e espero que seja para muitas outras mulheres”.
Representatividade – Ainda dando seus primeiros passos no setor, a agente de atendimento externo Joyce Barbosa vem se descobrindo na Águas Cuiabá há pouco mais de nove meses. “Eu já trabalhava com atendimento antes, sempre gostei do contato direto com o cliente. A gente aprende muito e conhece muitas pessoas”. Responsável por efetuar a leitura de hidrômetros, emitir e fazer com que as faturas cheguem aos consumidores, ela conta que sua perspectiva é continuar crescendo dentro da empresa, vencer novos desafios e continuar entregando um bom serviço à população cuiabana.
“Não há nada mais gratificante do que fazer o seu trabalho e receber um elogio como retorno. Melhor que isso é ser reconhecida pelo trabalho duro em uma área que é predominantemente masculina. Muitas clientes ficam curiosas e perguntam sobre meu trabalho e eu sempre incentivo para que elas saibam que também é um espaço para as mulheres”.
Caminhando cerca de 7 quilômetros por dia e visitando em média 420 residências, Joyce conta ainda que é a única mulher em meio a um grupo de mais de 20 profissionais. “Isso não me intimida, pelo contrário, tenho neles grandes amigos. Mas desejo que mais mulheres ingressem no saneamento. A gente pode e precisa garantir que além do serviço entregue, o setor também seja de todos”.